terça-feira, 2 de março de 2010

Ainda beem ...



Ainda bem que existem os eventos simbólicos a marcar a marcha da história. Sem eles, estaríamos condenados aos "processos", essas fluidas cadeias de circunstâncias políticas, relações sociais, estados psicológicos, oscilações econômicas, percepções e acidentes que, temperadas por inevitáveis doses de acaso, conduzem a corrente da história, de forma frequentemente misteriosa, para este ou aquele leito. Atos como a derrubada do muro que dividia a antiga capital do Reich dão visibilidade à história. Servem de farol contra a falta de rosto, de cor e de volume dos "processos". [...] Os atos simbólicos têm o efeito de agarrar o tempo e forçá-lo a uma parada, majestosa e densa como uma escultura. Eles dão inteligibilidade à história da mesma forma como a sucessão das estações dá inteligibilidade ao ano. [...] Precisamos de teatro, esta é que é a verdade, como de ar para respirar. Dai-nos uma cena e com ela marcaremos o tempo, de forma a tirá-lo da uniformidade sem graça e sem sentido de seu fluxo contínuo. No campo das miudezas cotidianas, o momento do "parabéns a você" é o teatro que assinala a passagem de mais um ano de vida.

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